domingo, 4 de julho de 2010

Ideologia na Política ? Procura-se .

Houve um tempo em que os principais candidatos à Pre­­­sidência da República representavam claramente uma ideologia. Esses tempos se foram. Em 1989, por exemplo, Fer­nando Collor de Mello acusava seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, de “defender teses estranhas ao nosso meio, teses marxistas”. As acusações foram feitas em debate para a televisão, em rede nacional. E Lula não desmentiu. Claramente, Collor, naquele contexto, representava a direita. Lula era a esquerda. Hoje, não é bem assim.

É claro que os candidatos continuam tendo seu modo de pensar, muitas vezes se alinhando a uma ideologia tradicional. Cientistas políticos afirmam que os três candidatos mais fortes à Presidência deste ano, por exemplo, vêm da esquerda. Isso não significa, porém, que qualquer um deles fosse gostar de ser chamado de marxista diante do eleitorado. Pelo contrário: isso não pegaria bem. Assim como não pegaria bem alguém ficar com o rótulo de candidato “da direita”. Parece que todos querem, um pouco para lá ou para cá, ficar no centro.

A mesma situação se repete nos estados. Todos migram para uma “zona neutra”, o que acaba possibilitando aos políticos fazer coligações que ninguém imaginaria, por um lado. E, por outro lado, dificulta para o eleitor saber exatamente em quem está votando. Em última instância, é uma situação que acaba fazendo duvidar da própria existência de direita e esquerda ou outra ideologia. Mas, afinal de contas, porque os candidatos não querem ser ideológicos?

Eleitor médio

A migração para o centro é velha conhecida dos cientistas políticos. “Esse é um fenômeno antigo, que foi descrito por um norte-americano chamado Anthony Downs”, conta Adriano Codato, professor de Ciência Política da UFPR. “A tese dele é de que existe um eleitor médio, que é uma abstração, claro, e que fica mais ou menos no meio do espectro ideológico. Não é nem de direita, nem de esquerda”, diz.

O ponto, afirma ele, é que a maior parte do eleitorado acaba ficando muito perto desse centro. E acabam sendo raros os que se alinham a uma das extremidades. Como eleição se ganha com o apoio da maioria, ainda mais num processo em dois turnos, os candidatos tendem a ocultar qualquer posição mais radical. “É o que se chama de estratégia catch all (pega todo mundo)”, diz Codato.

Ou seja: a intenção é não assustar ninguém. Assim, se um candidato é a favor, digamos, de pôr limites à propriedade privada, não vai dizer isso com todas as letras. Vai, de preferência, evitar o assunto, e falar apenas dos pontos em que todos concordam. Por outro lado, um político à direita não vai defender o fim de programas de assistência social: no máximo, não vai falar em ampliá-los.


Carta

Para o cientista político Sérgio Braga,
da UFPR, historicamente o cenário político brasileiro mudou em 2002, quando Lula e o PT divulgaram a Carta ao Povo Brasileiro. O documento, lançado às vésperas da quarta tentativa de Lula de chegar à Presidência, sinalizava que o partido, até então símbolo da esquerda brasileira, poderia fazer concessões, estava se suavizando, e não pretendia tomar nenhuma medida mais radical.

Hoje, os especialistas dizem não ter dúvidas de que os três principais candidatos têm origem na esquerda. Dilma Rousseff é o exemplo mais claro. Para combater a ditadura militar, foi filiada a movimentos radicais, ligados à guerrilha. José Serra disse recentemente “estar à esquerda de Lula” e tem o pensamento ligado à Cepal, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe. Mari­­na Silva é ligada à esquerda ambi­entalista.

No entanto, até mesmo a necessidade de fazer coligações para conseguir mais apoios e tempo de televisão faz com que as candidaturas se pasteurizem. “No caso do Serra, por exemplo, ele é de esquerda. Mas como está ligado ao Democratas, acaba tendo uma candidatura de centro-direita”, diz Leonardo Barreto, professor de Ciência Política na Universidade de Brasília.

Fonte Gazeta do Povo.

Por Tutuca ,

O texto acima resume o que vem acontecendo na política em todos os níveis não importa mais o idealismo político, este se encontra em extinção o que vale são os conchavos . Este fenômeno se dá pela incessante fome de poder .

O partido político que mais pratica esta miscelânia de idealismos é o PT que para chegar ao poder e se manter nele fez alianças nunca antes imaginadas lá nos tempos da sua fundação . Como diz o redator da matéria acima o PT foi “pasteurizado” (mesmo que eles tentem disfarçar esta mutação) e aqueles que apostaram em uma ideologia partidária, hoje são chamados de radicais dentro da agremiação . Tivemos um exemplo aqui mesmo em Antonina que o PT fez aliança até com o PSDB o seu adversário histórico . É o vale tudo pelo poder. Em breve postaremos uma matéria sobre como ficará o cenário político local pós definições das alianças para governo federal e estadual . Quem vai apoiar quem, é lógico tudo na teoria porque na prática, bom na prática vale tudo. Segue o baile .


Um comentário:

  1. Tutuca.
    Devemos desde já imaginar como ficará o "tal" palanque Dilma/Osmar aqui na terrinha. Veremos adversários de recente passado se abraçando entoando música de sucesso...amigos para sempre...
    Aguardemos.
    Mauricio Scarante (Masca)

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