sábado, 8 de janeiro de 2011

MST e o engodo da reforma agrária no governo Lula.




Depois do armistício que se auto-impôs durante a campanha presidencial, o MST voltou a dar as caras.

Nesta primeira semana do governo Dilma Rousseff, o movimento invadiu três propriedades.

O MST escolheu como palco de sua reentrada em cena o Estado de São Paulo, governado pelo tucano Geraldo Alckmin.

Na madrugada desta sexta (7), 300 famílias cruzaram a cerca de uma fazenda no município paulista de Castilho. Pertence a Eliana Ribas Vicente.

Na véspera, quinta (6), cerca de 200 militantes do movimento haviam ocupado a Fazenda Bertazzoni, em Cafelândia.

Um dia antes, quarta (5), a invasão ocorrera na cidade de Serrana. Cerca 250 pessoas apossaram-se da Fazenda Martinópolis, da Usina Nova União.

Ali, a ocupação durou pouco. Nesta sexta, munida de ordem judicial de reintegração de posse, a PM de São Paulo retirou os invasores da propriedade.

O MST alega que retomou as invasões para pressionar os governos estadual e federal. Diz que há em São Paulo 2 mil famílias vivendo sob lonas.

Durante a campanha eleitoral, o MST declarou apoio a Dilma, contra o tucano José Serra. Agora, em carta levada à web, o movimento anota:

“No início deste novo período político de nosso país, a nossa ocupação é um posicionamento publico para cobrar a realização da Reforma Agrária”.

Em timbre de ameaça, o texto acrescenta: “Ou se faz reforma agrária ou o bicho vai pegar!”
Em seu discurso de posse, Dilma não fez nenhuma menção à reforma agrária.

Em 2003, primeiro ano de Lula, o Incra foi aparelhado por dirigentes indicados pelo MST.

Agora, o governo anuncia a intenção de desalojá-los. Anuncia-se que o órgão que cuida da reforma agrária será comandado por técnicos. A conferir.

Ainda sobre o MST

O movimento contesta números apresentados pelo governo referente à reforma agrária e afirma: Lula "frustou" o MST
A relação em outras épocas harmoniosa entre o governo Luiz Inácio Lula da Silva e o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) parece não viver seu melhor período. Ao completar seus 25 anos, o movimento contesta números apresentados pelo governo referente à reforma agrária e afirma: Lula "frustou" o MST.

"Tivemos muito diálogo com o governo Lula, mas isso não representou, na prática, melhores condições na vida dos assentados ou um número maior de assentamentos, como se previu", afirma João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do MST.

O governo afirma que bateu recordes de assentamentos e que a atual gestão foi responsável por mais de 50% dos assentamentos realizados em toda a história do país.

O MST contesta os números e mostra que ocupou mais no governo Lula que em outros períodos. Dados apresentados pelo movimento mostram que 11% das suas 7.627 ocupações de terra promovidas desde 1984 --quando o movimento surgiu-- ocorreram durante o governo Lula. Já durante o segundo governo de Fernando Henrique Cardoso o número pouco se alterou, ocorrendo apenas quatro entre 1999 a 2002.

"Lula se diz aliado dos sem-terra, mas também se diz aliado dos ruralistas, ou seja, ele é amigos dos nossos inimigos [...]. Conclui-se que ele é aliado dele mesmo", diz Rodrigues, que nesta segunda-feira apresentou à imprensa uma espécie de balanço da trajetória do movimento desde sua origem.

A análise antecede o encontro nacional do MST que acontece a partir desta terça-feira (20) em Sarandi, no interior do Rio Grande do Sul. Para o encontro, que termina com uma festa no sábado (24), o MST convidou deputados, governadores, prefeitos, entre outras personalidades que de alguma forma se identificam com o movimento.

O governo federal, no entanto, ficou de fora da lista. "Não temos motivo para convidar ninguém. Não temos nada a comemorar com nossos companheiros no governo Lula", afirma o coordenador do MST.

Assentamentos

De acordo com o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), nos últimos seis anos foram assentadas 520 mil famílias. Porém, a percepção do MST é de que o número de assentamentos propagados pelo governo "esconde" a realidade.

No encontro com a imprensa promovido nesta segunda-feira, o movimento levou o professor de geografia da USP (Universidade de São Paulo) Ariovaldo Umbelino para dar credibilidade aos dados apresentados.

Segundo ele, parte dos assentamentos são reconhecimentos de assentamentos antigos, outra porção refere-se ao reassentamento de famílias que viviam em áreas atingidas por barragem, além da regularização de posses que também foram contabilizadas como assentamentos. "O Incra diz que assentou 448 mil famílias [até 2007], mas não diz a forma e nem o ano em que esses assentamentos aconteceram", afirma Umbelino.

Ao passar o número por sua "peneira", o MST afirma que apenas 163.191 famílias assentadas referem-se realmente ao processo de reforma agrária. "O governo cumpriu menos de 30% da meta do Plano Nacional de Reforma Agrária", afirma Umbelino.

Destes, menos de 100 mil famílias são originárias do MST, o que também faz aumentar a frustração do movimento com o governo Lula. "Isso é uma frustração do ponto de vista da quantidade de famílias assentadas", conclui Rodrigues. Fonte Jornal Dia a Dia.

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