quarta-feira, 8 de junho de 2011

Palocci sai. Entra Gleisi.



A indicação da senadora Gleisi Hoffmann para a chefia da Casa Civil, em substituição ao ministro Antonio Palocci, traz em seu interior vários significados – dentre os quais o que diz respeito às novas perspectivas que se abrem no desenrolar da política paranaense, mas sobre tudo em relação à presença do Paraná no cenário nacional. Nunca antes na história desse estado, o Paraná teve, ao mesmo tempo, três ministros ocupando pastas tão estratégicas quanto as que hoje passa a deter simultaneamente – a Casa Civil, o Ministério das Comunicações e a Secretaria-Geral da Presidência da Re­­pública.

Um detalhe torna ainda mais peculiar a presença paranaense na porta ao lado do gabinete da presidente Dilma Rousseff: Gleisi, a nova ministra, é mulher do também ministro Paulo Ber­nardo, pais de João Augusto (9 anos) e Gabriela (5). Gilberto Carvalho, londrinense e ex-seminarista da congregação palotina em Curitiba nos anos 70, completa o trio; é ele que carrega nas mãos a chave da porta e, no bolso, a agenda de compromissos da presidente que só ele controla.

Ainda emocionada no fim da tarde de ontem, minutos após ter sido convidada e aceitar o encargo da Casa Civil, Gleisi se mostrava com poucas palavras – “São os desígnios de Deus que me trouxeram até aqui”, dizia ao colunista. Coube ao marido, mais calmo, historiar os últimos momentos: “A presidente chamou Gleisi ao gabinete e começou dizendo que a conhecia há muito tempo; que admirava seu caráter, seu jeito de fazer política e que reconhecia o papel importante que Gleisi desempenhou em duas campanhas presidenciais – na de Lula [em 2006] e na dela, em 2010, e como membro da equipe de transição. A presidente lembrou também que, apesar dos poucos meses de exercício do mandato de senadora, ela se revelou como um dos melhores quadros do PT e da base do governo no Congresso”.
Tudo isso para, segundo Paulo Bernardo, Dilma, ao final, formalizar de surpresa o convite a Gleisi para assumir o lugar do demissionário ministro Antonio Palocci, com a difícil missão de restaurar a paz e a concórdia entre os aliados e a imagem do próprio governo, desgastada pela agonia pública a que o ex-ministro foi submetido.

Formada nos duros embates da política estudantil nos idos dos anos 80, quando ainda militava sob os influxos radicais do velho PCdoB, e já formada em Direito e filiada ao PT, foi acumulando experiência em assessorias e cargos administrativos, dentre os quais o de secretária de Administração de Mato Grosso do Sul e de diretora da binacional Itaipu.

Sua primeira experiência político-eleitoral aconteceu em 2006. Candidata a senadora pela primeira vez, enfrentou o do senador Alvaro Dias. Não venceu, mas fez 45% dos votos. Dois anos depois, concorreu com Beto Richa à prefeitura de Curitiba, ficando em segundo lugar. A consagração veio em 2010, ao ser eleita em primeiro lugar (mais de 3 milhões de votos) para o Senado.
Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann tem agora o papel de fazer a coordenação política do governo Dilma Rousseff, mas principalmente de fazer a gestão interna do governo. Parece uma tarefa difícil para quem, uma “novata” nesse metier, caberá aplacar ambições e administrar com sabedoria e equilíbrio aquela lição de São Francisco: “É dando que se recebe”. Fonte Gazeta do Povo.

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