sábado, 21 de abril de 2012

Efeito Cachoeira e o Deltaduto.



Empresa de Fernando Cavendish arrecadou nada menos que 4 bilhões de reais em uma década apenas em contratos com o Planalto. Governos estaduais também são grandes clientes.

Fernando Cavendish, presidente do conselho de administração da Delta Construção, é amigo do rei. Formado em engenharia civil pelas Faculdades Integradas Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, o empresário conseguiu um feito raro: em dez anos, fez o faturamento de sua empresa saltar de 67 milhões de reais para 3 bilhões de reais. Conforme levantamento da ONG Contas Abertas, apenas em obras contratadas pelo governo federal, a Delta arrecadou nesse período nada menos que 4 bilhões de reais. A cifra é equivalente ao atual valor de mercado da Marfrig, uma das maiores produtoras de carne do país.

Na segunda metade da década, o empresário – que já exibia a peculiar habilidade de manter bons relacionamentos com gestores públicos, sobretudo no Rio – transformou-se no “príncipe do PAC” ao arrebatar a grande maioria dos contratos de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo governo em 2007. Ao final de 2011, a Delta era a principal fornecedora do programa, com contratos avaliados em mais de 2 bilhões de reais.

Citada nos grampos da Ope­­­­ração Monte Carlo, a empreiteira número um do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) recebeu, no ano passado, R$ 884,4 milhões da União. O volume de recursos do governo federal para a Delta Cons­­­­truções cresceu 1.417%, de 2003 até 2011 em valores corrigidos pelo IPCA.
Segundo relatórios de inteligência da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, há indícios “de que a maior parte dos valores que ‘entram’ nas contas de empresas fantasmas [ligadas ao grupo do empresário] são oriundos da empresa Delta Construções”. 

Reinado no DF – Outro terreno onde a Delta prosperou é o Distrito Federal. Além de prestar serviços milionários de limpeza pública em Brasília, a construtora também teria negociado facilidades em contratos diretamente com a cúpula do governo distrital em troca de favores em campanhas eleitorais. Em conversas gravadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, aliados do contraventor Carlinhos Cachoeira – acusado de comandar uma rede de jogos ilegais no país – afirmaram que a diretoria da Delta fazia doações milionárias ao PT e ao PMDB. Posteriormente, cobrava favores em troca, como a nomeação de amigos em cargos específicos para garantir que a empresa se mantivesse favorecida nos contratos locais.

Segundo a ONG Contas Abertas, as doações eleitorais alcançam o valor de 2,3 milhões de reais à direção nacional do PT e PMDB, referentes às últimas eleições de 2010. Os repasses foram de 1,15 milhão de reais a cada partido.

O empresário  negou em entrevista exclusiva à Mônica Bergamo, publicada na Folha desta quinta-feira, que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) seja sócio oculto da empresa. 

A empreiteira está no centro do escândalo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Cavendish também diz que não conhece os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF). 

O Ministério Público faz a acusação da "sociedade oculta" com base em grampos e relatórios que mostram Demóstenes negociando verbas para obra em Anápolis (GO) e condicionando a liberação à contratação da Delta.
Na entrevista, Cavendish ainda diz que, com o escândalo, a Delta vai "quebrar". A empreiteira é a empresa que mais recebe recursos do governo federal desde 2007.
 
IFRAERO ignorou TCU ao contratar   Delta.

A Delta foi contratada sem licitação pela Infraero por R$ 85,7 milhões para construir o terminal 4 do aeroporto de Guarulhos (SP), apesar de o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmar que a empresa “dificilmente” se habilitaria, caso participasse de concorrência pública. Até a presidente Dilma Rousseff defendeu, em 2011, a dispensa de licitação para entregar a obra em dezembro; porém, o terminal só entrou em operação em fevereiro, por causa de um desabamento. O Ministério Público Federal de São Paulo diz que a Infraero jogou dinheiro fora e que a obra emergencial é subaproveitada. 

O TCU e o MPF apontaram contratação irregular por dispensa de licitação e contrato celebrado sem a devida comprovação da capacidade técnica da Delta. Em outubro de 2011, os auditores do TCU afirmaram que a empreiteira, principal fornecedora do governo federal, só havia construído pistas e pátios de aeroportos, não terminais de passageiros.G1

Escreveu não leu...

Luiz Antônio Pagot (PR) diz  que ele teria caído do comando do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) devido a complôs e negociatas envolvendo a construtora Delta e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Pagot diz que colocou obstáculos aos favorecimentos para a empreiteira, e isso fez com que ele sofresse pressão de colegas de partido, como os deputados federais Wellington Fagundes (PR-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Porém, o faturamento da empresa mais que dobrou na gestão de Pagot à frente do órgão.


Salve-se quem puder...

Construtora Delta abandona consórcio da obra do Maracanã/G1

Empresa tinha 30% de participação nas obras. Construtora alega falta de condições financeiras para permanecer na reforma.


Agora que o bicho tá pegando...

Governo federal abre processo para tornar Delta inidônea - Gazeta do Povo

A CGU (Controladoria-Geral da União) instaura na segunda-feira processo administrativo que pode resultar no impedimento da Delta em contratar com órgãos públicos e levar seus contratos a serem suspensos com o governo federal. A Delta é a empresa que, anualmente desde 2007, mais recebe recursos do orçamento do executivo federal. Só no ano passado foram R$ 862 milhões.
 

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