sexta-feira, 11 de maio de 2012

Partidos da impunidade

Gazeta do Povo
As saídas do senador goiano Demóstenes Torres do DEM e do vereador curitibano João Cláudio Derosso do PSDB tentam preservar, aparentemente, algum grau de moralidade dos partidos. Nos dois casos (e em tantos outros idênticos, como na recente abertura do processo de expulsão movido pelo PMDB contra o também vereador Algaci Tulio), as aparências enganam. As siglas e seus caciques não têm o direito de achar-se simplesmente absolvidos pelo afastamento de filiados enrascados em escândalos.

Em primeiro lugar, é uma enorme desfaçatez a ideia de que os partidos foram “éticos” nesses episódios. PSDB e DEM simplesmente se desfizeram dos anéis para preservar os dedos. A mais pura estratégia do salve-se quem puder.
Ou alguém acha que as legendas não sabiam o que acontecia dentro de casa? Voltando um pouco no tempo, é como acreditar que Lula não sabia do mensalão. Guardadas as proporções de cada um no cenário nacional e local, Demóstenes e Derosso tinham não só a chave da porta de seus partidos, como lugar cativo na mesa de jantar.

O senador sempre atuou como uma espécie de xerife do DEM. Em 2009, durante o episódio do mensalão de Brasília, estava na linha de frente dos que queriam a expulsão do governador José Roberto Arruda e do vice Paulo Octávio. Na época, a solução encontrada foi a mesma de agora – houve ameaça de expulsão, mas logo depois a dupla preferiu sair por conta própria.
Já Derosso era ainda mais dono do pedaço. Presidiu o diretório municipal tucano e a Câmara de Vereadores de Curitiba até o ano passado. Foi muito tempo cotado para ser candidato a vice na chapa do atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), nas eleições de 2012 e sempre foi um cabo eleitoral disputadíssimo entre os nomes de primeira linha da política paranaense.

Por essas e outras é difícil de crer que nenhum dos figurões nacionais do DEM tenha percebido os laços de Demóstenes com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. E que ninguém do PSDB de Curitiba tenha levantado a discussão sobre os milionários contratos de publicidade da Câmara na gestão Derosso. Não há registro de nenhum questionamento interno prévio para tratar desses assuntos em ambos os partidos.

Desse pressuposto saem três hipóteses, nenhuma favorável às legendas:

1) Se elas não sabiam das suspeitas antes, foram ineficientes;
2) Se desconfiavam e nada fizeram, foram lenientes;
3) Se sabiam, foram coniventes.
No fundo, os dois casos mostram que todo o mal deriva do fato de que os brasileiros não acreditam nos partidos. Por quê? Porque, na verdade, nem os partidos acreditam neles próprios ao se comportarem sempre como meras agremiações sob a tutela restrita de determinados coronéis.

Horas antes de entregar a carta de desfiliação, Derosso chegou a dizer que seria o candidato mais votado nas eleições de outubro, mesmo com todas as denúncias contra ele. Não falou nenhuma sandice. Se ainda houvesse prazo legal para se filiar a outra sigla, ele até poderia concorrer e cumprir a previsão.
Para o eleitor comum, infelizmente, não faria grande diferença. Por isso caberia também aos partidos filtrar melhor seus candidatos. Eles deveriam funcionar como um selo de qualidade, não de impunidade.

4 comentários:

  1. Nada como utilizar o PIG para, em face dos descalabros de Derosso e do Demóstenes, dar uma porradinha no PT e em Lula, não é Tutuca?

    Anote aí: NÃO HOUVE MENSALÃO.

    Houve caixa dois, o que é muito grave, e deve ser punido.

    Agora, mensalão, no sentido de que havia pagamento de "mensalidade" para que parlamentares votassem com o governo, bem isso NÃO HOUVE e o Ministério Público Federal foi completamente incapaz de provar isso nos autos.

    Afinal, dos 40 réus do mensalão, uns 10 eram parlamentares, dos quais a metade do PT, e o resto é dirigente de banco, publicitários, etc.

    Num congresso com mais de 550 parlamentares, por que o PT pagaria mesadas para uns 10, metade deles do PT?

    Por que o PT pagaria mesadas para dirigentes de bancos ou para publicitários se essa gente - como é óbvio - não tinha mandato?

    Mas é isso.

    É preciso bater no PT.

    É preciso derramar o mais completo anti-petismo, todos os dias.

    Entendo.

    Você é filiado a um NÃO-PARTIDO, uma sigla-coisa gosmenta e oportunista.

    Tão completamente oportunista que foi capaz de "pregar umas placas", na campanha de 2010, para um dos próceres do partido do mensalão.

    Desfiliado por não concordar com os rumos do PT, ainda assim afirmo que o partido é muito melhor do que essa coisa-partido de aluguel.

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  2. Cequinel,

    Quantas vezes o PT, desde a sua criação, ganhou uma eleição sozinho ????

    Nas eleições de 2010 o PT teve como aliados os partidos abaixo;

    PMDB, PRB, PDT, PTN, PSC, PR, PTC, PSB, PCdoB PV, PP, PTB, PMN e PTdoB.

    QUATORZE NO TOTAL.

    Portanto meu amigo,humildade ,humildade...

    Não existe política do eu sozinho.

    Sobre o mensalão...

    Que mensalão ???

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  3. ET BILÚ AFIRMA..

    O MENSALÃO EXISTIU.

    Pelo que Lula pede desculpas então?
    Quando um presidente vem em rede nacional falar o que falou é porque ele tinha certeza do que tava falando.
    Vamos a fala do lula.
    "Não tenho nenhuma vergonha de dizer que nós temos de pedir desculpas. O PT tem de pedir desculpas. O governo, onde errou, precisa pedir desculpas".
    "Eu me sinto traído por práticas inaceitáveis. Indignado pelas revelações que chocam o país, e sobre as quais eu não tinha qualquer conhecimento."
    "Sei que vocês estão indignados, e eu estou tão ou mais indignado que qualquer brasileiro".
    Essa fala de Lula, antes de ir ao ar, com certeza passou pelo crivo de todo o seu STAF e por todo o seu batalhão de marqueteiros.
    Indiscutivelmente, o Lula sabia do que estava falando.
    Todo o bojo do discurso teve como objetivo, preservar a figura de Lula, tentando passar a população que ele Lula, foi traído pelo PT. É óbvio que ele sabia de tudo.
    Mais de 20 cabeças foram cortadas (em tese) na época contando com o Zé Dirceu,para obviamente tentar diminuir o impacto negativo do escândalo perante a opinião publica.
    E o Silvinho Land Hover fez um acordo com a justiça (delação premiada) a custo de que?
    Lembro muito bem do episódio. O Lula após o acontecido evitava, em seus pronunciamentos, falar em PT.
    Hoje o PT está gastando milhões do dinheiro público para, principalmente via internet, tentar fazer um tipo de lavagem cerebral na cabeça das pessoas difundindo de maneira maciça que o mensalão não existiu. E a palavra de ordem é JUSTAMENTE essa que esse senhor escreveu. NÃO HOUVE MENSALÃO.
    Eles contam é claro com a tradicional memória curta do Brasileiro.
    INÚTIL TENTATIVA. O MENSALÃO EXISTIU.

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  4. Este senhor, anônimo de merda, tem nome, sobrenome e paga o preço por expor de forma aberta suas opiniões e nunca ter se escondido no biombo confortável do anonimato, como você.
    O problema não está em você pensar o que o esgoto midiático da imprensa golpista quer que você pense.
    O problema é que você, covardão anônimo, é capaz de considerar que tem o bizarro direito de obrar merda sem identificar-se.
    Você não vale nada.
    Você não é capaz de olhar seus filhos nos olhos.
    Eu faço isso, todos os dias: olho nos olhos dos meus filhos e netos, e amigos.
    Eu posso fazer isso e posso andar pelo mundo de cabeça erguida.
    Eu não sei quem você é mas você será incapaz de encarar-me.
    Você é excremento.
    Eu sou Paulo Roberto Cequinel, meu RG é 847.060-0/PR.

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