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Modelo de trincheira a ser implantado já com o barracão para a separação dos resíduos |
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Inicio das atividades na trincheira emergencial do aterro sanitário. |
Trabalhei durante 4 meses na Secretaria de Agricultura e Meio
Ambiente e a leitura que eu fiz nesse período que lá estive é que a situação do
lixo em nossa cidade só vai ser resolvida se for tratada como prioridade .
Encarar a situação de frente e investir neste setor desde “o
primeiro dia de mandato”, são os fatores determinantes para tentar se resolver essa complexa situação da destinação do nosso lixo.
Antes de qualquer coisa é preciso entender que as secretarias de
governo são partes da estrutura administrativa de uma prefeitura, e que estas sempre
serão reféns das decisões tomadas pelo “Gabinete do Prefeito”, pois só ele tem
o poder de definir quais os critérios que determinarão o que é prioridade ou
não na sua gestão.
Se o prefeito entender (como vem sendo feito), que “queimar”
alguns milhares de reais em apenas uma edição do carnaval é mais prioridade que
investir na questão da destinação do nosso lixo, devemos todos ter consciência
que essa é uma decisão estritamente de sua responsabilidade.
Geralmente os
gestores públicos tem o hábito de deixar esta importante e complexa questão em
segundo plano, até porque, a grande maioria da população não se preocupa com
o que é feito com o lixo desde que, seja retirado da frente da sua casa.
Um gestor
público competente e que queira realmente resolver a situação terá que primeiramente,
investir e proporcionar condições de trabalho para a Secretaria responsável por
esta tão importante demanda.
O exemplo que
temos é o vizinho município de Morretes, que tem em seu orçamento uma receita
estimada de “MENOS” 12 milhões de reais em comparação com Antonina, e mesmo
assim, consegue destinar para a sua Secretaria de Meio Ambiente, praticamente o
“dobro” dos recursos que a Prefeitura de Antonina destina para a mesma pasta. Notamos
que lá a situação é tratada com um pouco mais de responsabilidade.
Quando da minha chegada na Secretaria de Meio Ambiente em meados
de julho de 2011, fui convidado pelo então Secretário da Pasta, a visitar o
novo aterro Sanitário de Antonina.
Lá naquela área do São João Feliz, encontramos uma trincheira já construída, e que segundo os técnicos de plantão, tinha a metade da
metragem que previa o projeto original.
Bom! Para nós da Secretaria de Meio Ambiente restava
naquele momento, entre outras tarefas, tentar junto ao órgão fiscalizador do
Estado o IAP, a liberação de atividade para aquela denominada “Trincheira
Emergencial”.
Depois de muitas reuniões conseguimos sensibilizar os técnicos do
IAP e se resolveu então fechar o lixão do Saivá, e se iniciar as atividades
nesta nova trincheira.
Iniciada as atividades, fato que aconteceu
lá pela metade de Outubro início de Novembro, se observou que aquela unidade
teria um tempo de vida útil de apenas 4 a 5 meses, metade do tempo previsto se
esta fosse construída conforme o projeto original.
Em reunião com
o Prefeito, passamos a situação e sugerimos o início imediato da construção de
uma nova trincheira. O projeto do
aterro sanitário se não me engano ,prevê na sua origem a construção de 10 a 12 trincheiras e um galpão para a separação dos recicláveis, lá
mesmo naquela área do São João Feliz. É importante dizer que os recursos
estimados para a construção de uma nova unidade beiravam na época, a casa dos 90
mil reais.
O município,
segundo o Prefeito, não possuía recursos para serem investidos em uma nova
trincheira.
Em dezembro de
2011 pedi o meu desligamento da Secretaria.
Para minha
surpresa no mês de março de 2012 conversando com alguns amigos que fiz na
Secretaria de Meio Ambiente, fui informado que a Prefeitura de Antonina havia
fechado um contrato com outros municípios e também com uma empresa, cujo objeto
se resumia em destinar o lixo produzido em Antonina para outras cidades.
O valor que está sendo gasto hoje para esta operação que somente visa protelar o problema, beira
a casa dos 60 mil/mês, o que daria com folga para construir uma nova trincheira
a cada dois meses.
A ação mais sensata a ser executada com esse disponível montante de recursos, seria,
construir as trincheiras conforme o projeto original e potencializar a questão
da coleta seletiva com o objetivo de prolongar a vida útil dessas unidades.
De Março até dezembro 2012 a cidade de Antonina estará gastando
qualquer coisa perto dos 600 mil reais em uma ação meramente paliativa, recursos
que dariam para construir 5 trincheiras em "um ano" e resolver a questão da destinação do
nosso lixo por no mínimo 4 anos.
Como escrevi, tudo é uma questão de responsabilidade, tudo é uma
questão de saber quais os critérios usados para se definir o que é prioridade ou
não para o gestor público.
Ou se decide gastar e resolver o problema, ou se decide gastar
errado e ir “empurrando a situação com a barriga”.
O Prefeito eleito João Domero é tão conhecedor desta situação que chegou a citá-la em algumas de suas reuniões políticas, e caberá somente a ele dar continuidade ou não, a esse evidente desperdício de dinheiro público.