Por: Augusto Nunes
Parece mesmo que o Brasil se especializou na desoladora
modalidade de poucos infelicitarem muitos. “Os demais não têm o direito de
estudar?”, Edilaine Triani, diretora do colégio Pedro Macedo, no bairro Portão,
em Curitiba, pergunta entre a indignação e o desalento, depois de dizer que a
escola que dirige tem 3,3 mil alunos e somente uns 30 estão na invasão.
Na sexta-feira, dia 21, alguns professores que queriam trabalhar
e alguns pais preocupados tentaram entrar numa escola em Londrina e foram
impedidos pelo Conselho Tutelar, que tal? A entidade alegou que a assembleia
dos invasores era “soberana”, eliminando de uma só vez o pátrio poder, a
Constituição, o bom senso e a vida de Lucas Eduardo de Araújo.
A inacreditável atitude do Conselho repercutiu tragicamente a 300 quilômetros de distância, em Curitiba.
A inacreditável atitude do Conselho repercutiu tragicamente a 300 quilômetros de distância, em Curitiba.
Com o ano letivo praticamente perdido e os alunos perdendo
conteúdo importante para o vestibular, se o Conselho Tutelar tutelasse os
direitos de todos – o de estudar -, e não somente os interesses difusos de
pouquíssimos estudantes cooptados pela militância primitiva que, com a vida
ganha, o faz de peões e álibi para a própria farsa revolucionária, Lucas, de
apenas 16 anos, talvez não tivesse sido assassinado nesta segunda-feira, dentro
do Colégio Santa Felicidade, uma das escolas invadidas em Curitiba.
A estupidez do Conselho Tutelar, a omissão das demais instituições,
a hesitação de Beto Richa e a imprensa boçal que enaltece em tom condoreiro a
“resistência” dos estudantes e todos os babacas-tipo-assim-descolados que ainda
acham tipo-assim-bacana essa pose nefasta de esquerdismo-totalitário-do-bem são
cúmplices dos radicais que poderiam ter procurado canais democráticos para
encaminhar objeções à PEC 241 e MP 746, mas democracia é grego para a choldra
extremista.
Um cadáver só não faz verão, um cadáver só é pouco para a
esquerda revolucionária que historicamente se impõe e reina somente do cume
alto de pilhas de milhões de cadáveres. Foi necessário haver o cadáver
solitário de Lucas para finalmente se iniciar o fim da invasão que não
precisava ter começado e não teria havido se os tarados ideológicos que a perpetraram
não fossem o que são e nem bajulados por cretinos de toda espécie, cuja larga
maioria jamais estudou em escola pública, e encontram nessas invasões alívio
para a culpa-de-boutique de suas consciências retrogradamente progressistas.
Minhas orações serão para que a família de Lucas Eduardo encontre algum
consolo.