De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Vox Populi.
Dizer que os planos de governo são pouco mais que peças decorativas em uma campanha pode soar como heresia. Pior, como uma afirmativa que renega tudo que as campanhas deveriam ser.
Existe, no centro de nossa cultura política, um modelo idealizado do processo eleitoral, em função do qual estabelecemos o certo e o errado nas eleições e no comportamento dos candidatos. Nele, os planos de governo são a parte nobre da disputa, a razão para que o eleitor opte por um candidato e descarte outros.
Nessa visão abstrata, qualquer voto que não se baseie nas propostas dos candidatos é inferior. Se o eleitor deixar que suas paixões o dominem, se permitir que alguém o influêncie, se pensar com seu bolso ao invés de com sua mente, comete um pecado contra a cidadania. Bom é aquele que olha apenas os planos de governo.
Se as coisas fossem assim, o eleitor teria uma árdua tarefa pela frente, procurando se informar sobre os projetos dos vários candidatos para cada área. Depois, os analisaria, quem sabe usando critérios como exequibilidade e relevância, para chegar a uma conclusão a respeito de cada um. E ai do candidato que não tivesse propostas para todas as políticas: com uma nota zero, por exemplo, na parte dedicada à energia, precisaria de um dez quando suas metas de política monetária fossem escrutinadas.
É evidente que isso não existe, nem do lado dos eleitores, nem dos candidatos. E não é por que somos uma sociedade pobre e temos uma cultura política imatura. As eleições não são assim em lugar nenhum do mundo.
Fonte blog do Fábio Campana
Nenhum comentário:
Postar um comentário