O surfista.

Luiz Inácio Lula da Silva está na presidência da República há sete anos e sete meses. Tem a maior popularidade já aferida pelos institutos de pesquisa.

Teve ampla maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Aprovou várias leis que beneficiaram sua administração. Teve várias vetadas pela base aliada. Pôde fazer praticamente tudo que planejou.

E por isso causa surpresa uma declaração como a dada semana passada e relatada pelo jornal O Estado de S. Paulo: "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou, durante discurso na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, seus planos para os dias em que não for mais presidente. ‘Eu vou ser um leão para que o meu partido assuma a responsabilidade de, junto com outros, fazer uma reforma política para que a gente possa ter as coisas mais visíveis', adiantou. ‘Porque não é da responsabilidade do presidente fazer a reforma política, é de responsabilidade dos parlamentares e que, portanto, nós temos de priorizar'. (...) Numa entrevista publicada pelo jornal Correio do Povo, Lula disse que não sabe direito o que vai fazer em 2011, mas reiterou que pensa em participar das grandes reformas de que o Brasil precisa, citando a tributária e a política".

Interessante. Lula ficou todo este tempo no poder e somente agora vem falar que será um "leão" para defender a realização de uma reforma política. Alegando que é o Parlamento que deve tomar a iniciativa, o presidente joga para a plateia e pede mudanças no próximo governo - que, no caso, não será o dele, será o de José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) ou Marina Silva (PV).

Como dito no início do texto, nenhum presidente teve tantas oportunidades para modernizar a política brasileira. Como político sempre ligado ao mesmo partido (o PT), Lula poderia priorizar a fidelidade partidária e reforçar a identidade programática, e quem sabe reduzindo o número quase obsceno de partidos do País. Mas ele preferiu deixar assim.

Por quê? Porque não interessava. Era mais importante manter a base aliada da forma como ela estava, apoiada no fisiologismo e sem a menor unidade política. Não importava isto nos últimos anos, porque era melhor contar com PP, PMDB, PR, PRB, PC do B, PSB e outros partidos nas votações decisivas. Lula perdeu essa oportunidade.

Na entrevista ao jornal Correio do Povo, o presidente também falou da reforma tributária. Ora, se ela é tão necessária (e realmente é, fala-se dela desde o governo de José Sarney), porque ele não liderou a sua realização? Se já está com o nome gravado na história, Lula poderia ter comandado uma alteração profunda na tributação dos brasileiros. Poderia ter reduzido a carga de impostos das pessoas físicas, aumentado a produtividade e a competitividade das empresas nacionais. Seria uma conquista gigantesca. Mas ele preferiu deixar assim.

E por quê? Porque não interessava. Era mais importante ter recordes de arrecadação, mantendo a máquina pública em pleno funcionamento para os planos governamentais, principalmente o Bolsa Família. Programa social de extrema importância, é verdade, mas que poderia ter outras fontes que não fossem os escorchantes impostos na classe média e no setor produtivo. Lula perdeu essa oportunidade. E deve pensar o quão maior seria se abdicasse de interesses imediatos para pensar no legado que deixaria para o Brasil.

Fonte Paraná On Line.

Por Tutuca,

O texto é bem esclarecedor e tem tudo haver com a frase do FHC.

“Lula nada mais é que um bom surfista mas não cria onda, quem criou onda foi eu”.

Fernando Henrique resumiu, bem Lula não criou nada só deu seqüencia a tudo o que foi criado pelo governo anterior teve oportunidade de fazer mas não o fez. Por Que ?

Porque não interessava.