Empresa de Fernando Cavendish arrecadou nada menos que 4 bilhões de reais
em uma década apenas em contratos com o Planalto. Governos estaduais também são
grandes clientes.
Fernando
Cavendish, presidente do conselho de administração da Delta Construção, é amigo
do rei. Formado em engenharia civil pelas Faculdades Integradas Veiga de
Almeida, no Rio de Janeiro, o empresário conseguiu um feito raro: em dez anos,
fez o faturamento de sua empresa saltar de 67 milhões de reais para 3 bilhões
de reais. Conforme levantamento
da ONG Contas Abertas, apenas em obras contratadas
pelo governo federal, a Delta arrecadou nesse período nada menos que 4 bilhões
de reais. A cifra é equivalente ao atual valor de mercado da Marfrig, uma das
maiores produtoras de carne do país.
Na segunda
metade da década, o empresário – que já exibia a peculiar habilidade de manter
bons relacionamentos com gestores públicos, sobretudo no Rio – transformou-se
no “príncipe do PAC” ao arrebatar a grande maioria dos contratos de
infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo governo em
2007. Ao final de 2011, a Delta era a principal fornecedora do programa, com
contratos avaliados em mais de 2 bilhões de reais.
Citada nos
grampos da Operação Monte Carlo, a empreiteira número um do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) recebeu, no ano passado, R$ 884,4 milhões da
União. O volume de recursos do governo federal para a Delta Construções
cresceu 1.417%, de 2003 até 2011 em valores corrigidos pelo IPCA.
Segundo
relatórios de inteligência da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, há
indícios “de que a maior parte dos valores que ‘entram’ nas contas de empresas
fantasmas [ligadas ao grupo do empresário] são oriundos da empresa Delta
Construções”.
Reinado
no DF –
Outro terreno onde a Delta prosperou é o Distrito Federal. Além de prestar
serviços milionários de limpeza pública em Brasília, a construtora também teria
negociado facilidades em contratos diretamente com a cúpula do governo
distrital em troca de favores em campanhas eleitorais. Em conversas gravadas
pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, aliados do contraventor Carlinhos
Cachoeira – acusado de comandar uma rede de jogos ilegais no país – afirmaram
que a diretoria da Delta fazia doações milionárias ao PT e ao PMDB.
Posteriormente, cobrava favores em troca, como a nomeação de amigos em cargos
específicos para garantir que a empresa se mantivesse favorecida nos contratos
locais.
Segundo a
ONG Contas Abertas, as doações eleitorais alcançam o valor de 2,3 milhões de
reais à direção nacional do PT e PMDB, referentes às últimas eleições de 2010.
Os repasses foram de 1,15 milhão de reais a cada partido.
O empresário negou em entrevista exclusiva à Mônica Bergamo, publicada na Folha
desta quinta-feira, que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) seja sócio oculto
da empresa.
A empreiteira está no centro do escândalo do
empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Cavendish também diz
que não conhece os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz
(PT-DF).
O Ministério Público faz a acusação da
"sociedade oculta" com base em grampos e relatórios que mostram
Demóstenes negociando verbas para obra em Anápolis (GO) e condicionando a
liberação à contratação da Delta.
Na entrevista, Cavendish ainda diz que, com o
escândalo, a Delta vai "quebrar". A empreiteira é a empresa que mais
recebe recursos do governo federal desde 2007.
IFRAERO ignorou TCU ao contratar Delta.
A Delta foi contratada sem licitação pela Infraero por R$ 85,7 milhões para construir o terminal 4 do aeroporto de Guarulhos (SP), apesar de o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmar que a empresa “dificilmente” se habilitaria, caso participasse de concorrência pública. Até a presidente Dilma Rousseff defendeu, em 2011, a dispensa de licitação para entregar a obra em dezembro; porém, o terminal só entrou em operação em fevereiro, por causa de um desabamento. O Ministério Público Federal de São Paulo diz que a Infraero jogou dinheiro fora e que a obra emergencial é subaproveitada.
O TCU e o MPF apontaram contratação irregular por dispensa de
licitação e contrato celebrado sem a devida comprovação da capacidade técnica
da Delta. Em outubro de 2011, os auditores do TCU afirmaram que a empreiteira,
principal fornecedora do governo federal, só havia construído pistas e pátios
de aeroportos, não terminais de passageiros.G1
Escreveu não leu...
Pagot diz que colocou obstáculos aos favorecimentos para a empreiteira, e isso fez com que ele sofresse pressão de colegas de partido, como os deputados federais Wellington Fagundes (PR-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Porém, o faturamento da empresa mais que dobrou na gestão de Pagot à frente do órgão.
Salve-se quem puder...
Construtora Delta abandona consórcio da obra do Maracanã/G1
Empresa tinha 30% de participação nas obras. Construtora alega falta de condições financeiras para permanecer na reforma.
Agora que o
bicho tá pegando...
Governo federal abre processo para tornar Delta inidônea - Gazeta do Povo
A CGU (Controladoria-Geral da
União) instaura na segunda-feira processo administrativo que pode resultar no
impedimento da Delta em
contratar com órgãos públicos e levar seus contratos a serem suspensos com o
governo federal. A Delta é a empresa que, anualmente desde 2007, mais recebe
recursos do orçamento do executivo federal. Só no ano passado foram R$ 862
milhões.
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