Impasse entre IAP e Força Verde fragiliza
fiscalização ambiental
Um
desentendimento aparentemente financeiro entre o Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) e a Polícia Ambiental (Força Verde) enfraqueceu a fiscalização de crimes
contra a natureza no estado. Desde novembro do ano passado, os 600 homens da
Força Verde estão impedidos de lavrar multas ambientais porque o convênio
entre as duas instituições não foi renovado. Agora, quando encontram alguma
irregularidade, os policiais são obrigados a acionar um fiscal do instituto.
Para
ambientalistas, o IAP, com seus 70 técnicos, não é capaz de fiscalizar sozinho
todo o território paranaense. “A Força Verde é a única estrutura capaz de
responder por uma escala mínima de fiscalização no Paraná. O IAP não tem
estrutura para fazer isso sozinho”, afirma o diretor da Sociedade de Pesquisa
em Vida Selvagem (SPVS), Clóvis Borges. Para ele, de nada adianta ter uma
Polícia Ambiental que não pode multar.
No
interior do estado, o trabalho fica a cargo do Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), de prefeituras e do Ministério da
Pesca, cujos efetivos também são considerados inexpressivos.
O ambientalista
José Álvaro Carneiro, ex-superintendente do Ibama no Paraná, lembra que o corpo
técnico do IAP vem diminuindo a cada ano, justamente num momento em que as
demandas ambientais aumentam em quantidade e complexidade. “Não é de hoje que o
IAP não consegue mais dar a resposta desejada”, afirma.
O
IAP não informou à reportagem o valor total de autuações pagas no ano passado
ou por mês. Mas o relatório de receitas do site Gestão do Dinheiro Público
revela que o Paraná recebeu R$ 6,8 milhões em multas aplicadas por danos ao
meio ambiente em 2011. Isso quer dizer que até o fim do acordo a Força
Verde recebia R$ 340 mil e que o valor pleiteado agora chegaria a R$ 1,7 milhão
ao ano. Nos primeiros dez meses de 2011, os policiais ambientais fizeram 2,3
mil autuações no estado – cerca de 230 por mês.
O
IAP também deixou de fazer o repasse das diárias aos policiais da Força Verde
em serviço para subsidiar despesas com alimentação e combustível da frota que
atuava na fiscalização ambiental. Com o orçamento apertado, resta ao batalhão
cobrir as despesas atuais com recursos do próprio caixa ou depender da ajuda de
prefeituras para não interromper o trabalho de orientação, prevenção e coleta
de materiais.
“Desde
o primeiro convênio com o IAP [na década de 90] nunca houve um compromisso com
o repasse de recursos adequados à Polícia Ambiental. Para ilustrar a situação,
de 2003 a 2011, o batalhão lavrou cerca de 30 mil autos de infração, o
equivalente a R$ 300 milhões. Independentemente do que foi arrecadado desse
montante, nesse mesmo período houve o repasse de somente 11 jipes novos e
alguns veículos velhos e usados”, diz Borges.
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